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Copa do Mundo teve pouco impacto no dólar

Entrada de divisas no país com invasão de estrangeiros ajuda a conter alta da moeda e favorece os gastos fora

Os turistas estrangeiros que desembarcaram no Brasil em junho para participar da Copa do Mundo contribuíram para ajudar a melhorar o deficitário fluxo de dólares de viagens do país. O desembarque concentrado da moeda durante a Copa do Mundo também contribuiu para manter o câmbio próximo ao patamar de R$ 2,20 durante o Mundial. Especialistas de mercado estimam que no segundo semestre, mesmo com alguma pressão de alta, o clima deve continuar favorável aos gastos no exterior.

A moeda americana abriu o mês de junho com a cotação (comercial) em R$ 2,27, desvalorização de 2,64% entre janeiro e junho. Na sexta-feira o dólar fechou com leve queda de 0,04% cotado a R$ 2,22, encerrando a semana com valorização de 0,83%. Analistas do mercado consideram que a moeda americana deve alcançar o patamar de R$ 2,30 até as eleições, sem perspectivas para disparadas ou quedas muito bruscas nesse período.

O Ministério do Turismo aponta que os gastos dos visitantes estrangeiros durante o Mundial correspondem ao dobro do volume deixado no país pelos turistas durante um mês comum. “Esse dólar formiguinha, trazido pelos viajantes, neste momento já mostra leve efeito no câmbio. No entanto, até as eleições a moeda americana pode flutuar até próximo de R$ 2,30”, diz Paulo Vieira, analista do mercado financeiro. De dezembro em diante o cenário pintado por especialistas é de céu encoberto e muitos evitam as projeções de longo prazo. “Muito difícil projetar cenário para o câmbio após as eleições. Fatores como as propostas econômicas para o país, a liquidez internacional e a recuperação financeira dos países da Europa vão influenciar o câmbio”, diz Vieira.

Apesar de o fluxo concentrado de entrada de dólares no país durante a Copa do Mundo ter contribuido para fazer a cotação recuar levemente nas últimas semanas, Robson Ribeiro Gonçalves, professor dos MBAs da FGV/Faculdade IBS diz que o câmbio deve voltar a flutuar acima de R$ 2,22. “Não há motivo para a taxa cair abaixo desse patamar. As contas externas estão muito desequilibradas. O Banco Central deve agir para administrar a alta e não para impedi-la”, avaliou o especialista, que considera uma taxa de câmbio de R$ 2,30 até dezembro.

Planejamento

O especialista em finanças, Rodrigo Araújo, de 53 anos, está de viagem marcada com a família para Miami, nos Estados Unidos. Ele embarca logo depois do Mundial e acredita que o fluxo dos turistas no Brasil é pequeno para influenciar significativamente o câmbio, por isso ele está preparado para embarcar e já fez suas trocas de moeda. “Acredito que a tendência do dólar nos próximos meses é se manter próximo aos US$ 2,20 o comercial. Acho que o momento é bom para comprar, pequenas oscilações não fazem muita diferença”, avalia. Rodrigo diz que escolheu o destino porque ainda está vantajoso para o brasileiro viajar para o exterior. “Fica mais barato passar sete dias em Miami do que viajar para o Nordeste”, comparou. 

Gastos no Brasil

Pesquisa da Universidade de Mainz, na Alemanha vai traçar um perfil dos turistas e os impactos financeiros da Copa do Mundo para o Brasil. A pesquisa, que já foi feita durante o Mundial da Alemanha, se repete agora no Brasil em parceria com instituições de ensino superior como a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Adriano de Souza é um dos estudantes da UFMG que participa do processo de apuração de dados junto aos turistas estrangeiros e brasileiros. Segundo ele, a meta inicial consistia em aplicar 2 mil questionários no Mineirão e no Expominas, durante a Fifa Fan Fest. “Já superamos esse número.” Na pesquisa, o turista informa dados como o volume de gastos no Brasil, gastos com ingressos, seu perfil de renda, escolaridade e principais gastos no país. O estudo deve ser tabulado a partir de agora e enviado para Alemanha onde será feita a análise dos dados. 

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